Tornando o invisível visível através do discurso literário: o exemplo de El espejo y la ventana (1967): - (2022)

Acessos: 1

David Macias Barres, Emmanuelle Sinardet

Volume: 47 - Issue: 1

Resumo. Para a academia e a crítica, Adalberto Ortiz (1914-2003) contribuiu para “tornar visível o invisível”, ou seja, tornar visível o componente afro na sociedade equatoriana que, historicamente, no processo de construção de um imaginário nacional, foi encoberto pelo componente indígena, ainda mais quando no século XX se impôs o movimento indígena e a chamada ideologia da miscigenação cultural. No entanto, o romance El espejo y la ventana, escrito entre 1954 e 1956 e publicado em 1967, difere do romance ao qual Adalberto Ortiz deve sua fama de escritor negro, Juyungo (1942). Aliás, longe de narrar a luta viril de um protagonista negro orgulhoso de suas raízes africanas, El espejo y la ventana se constrói em torno de uma busca angustiada de identidade, vivida como uma série de fracassos, a de um jovem mulato, Mauro, que a descobre nada mais do que uma "tentenelaire". Este artigo analisará como a narrativa constrói e desdobra a figura do tentenelaire, nem preto nem branco, fora do universo cultural afro-equatoriano com o qual não se identifica por um lado, desprezado por uma elite que se define por seu componente branco por outro lado, nunca consegue criar raízes e fica como um suspense "no ar". Será observado como e em que medida a figura do tentenelaire permite ao autor explorar a miscigenação a partir de uma perspectiva afrodescendente, buscando, por meio do literário e da linguística, dar-lhe maior visibilidade.

Keywords: Ecuador, afro-equatoriano , literatura, identidade, miscigenação, Adalberto Ortiz

Idioma: Portuguese

Registro: 2024-04-28 12:15:03

https://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/68084